Foto Reprodução
A
maioria ainda acredita que, “se a mulher soubesse se comportar melhor, haveria
menos estupros”. Como
reflexo, desenvolve-se uma sociedade que não sabe identificar o que é, de fato,
uma violação, muitos não fazem ideia de que sexo sem consentimento ou forçado
fazem parte da definição de violência sexual.
Mais que isso: A maioria dos brasileiros acredita que o estupro é culpa da mulher,
que mostra o corpo e não se comporta como deveria. São essas as
conclusões de um estudo conduzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(Ipea) divulgado em 2014.
É muita hipocrisia,
as pessoas encherem a boca dizendo que roupa causa estupro. Porque então
crianças são estupradas, se roupa comprida ou curta nelas não fazem diferença? São
apenas crianças! Porque mulheres idosas são estupradas?
Para essa massa que
apoia discursos que massacram as mulheres que saem sozinhas, mulheres que bebem
tanto quanto homens, mulheres que escolherem como se vestirem, despirem ou
decidem de alguma forma ser donas dos próprios corpos, roupas curtas não
estupram! Horários não estupram! Lugares não estupram! Bebidas não estupram!
Estupradores estupram! O agressor é o culpado pela agressão. Isso não justifica estupros, nem qualquer tipo de violência, seja ela contra qualquer ser humano.
Estupradores estupram! O agressor é o culpado pela agressão. Isso não justifica estupros, nem qualquer tipo de violência, seja ela contra qualquer ser humano.
Vivemos em uma
sociedade, que visivelmente apresenta comportamentos machistas e misóginos. São
homens e mulheres, que carregam o mesmo conceito com passar dos séculos, e nele
exercem tais condutas, na justificativa de que a mulher é antes de um ser
humano, uma propriedade que precisa ser classificada como boa ou ruim; certa ou
errada quando tenta ter a mesma liberdade que o sexo masculino tem. Infelizmente
vivemos em uma sociedade que considera que tudo é um convite para a agressão ou
abuso sexual, seja ele físico ou psicológico.
Não há exagero em afirmar que o país está convivendo com uma
“cultura do estupro”, como afirmou a médica Nadine Gasman representante no
Brasil da ONU Mulheres – entidade das Nações Unidas para a igualdade de gênero.
"O Brasil revive, diariamente, uma
cultura do estupro, do machismo. Vivemos numa sociedade machista”.
O
caso da menor estuprada por mais de 30 homens no Rio de Janeiro, inclusive com
a publicação de um vídeo com imagens do crime publicado na internet, causou
comoção e revolta nas redes sociais e mais de 800 denúncias foram feitas no
Ministério Público do Rio.
Além desse caso muitos
outros aconteceram e acontecem diariamente. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgado
em 2015, mulheres são violentadas a cada onze minutos no Brasil. E não
esqueçamos que até o ano de 2009, o estupro era considerado crime contra a
honra. E ainda hoje o estupro é um dos crimes menos notificados
do Brasil. Cerca de 50 mil casos de estupro são registrados anualmente no país e estima-se que isso representa apenas 10% da quantidade
dos casos. A pessoa que é violentada, a maioria das vezes, deixa de denunciar
com medo de retaliações, com vergonha de se expor, e até mesmo com receio de
serem culpadas ou tachadas pela violência sofrida.
E não vamos muito longe! Outro caso de
repercussão aconteceu no município de Barreiras, Oeste da Bahia, onde uma jovem
foi assaltada, sequestrada e estuprada em dois momentos. Em nota divulgada na
imprensa local, a jovem revela sua identidade, narra os fatos e pede para que
as pessoas respeitem a dor que ela e seus familiares sentem. De cabeça erguida
o apelo dela é que a justiça seja feita.
Essa é a minha vontade também jovem
guerreira, corajosa. Muitos
dos que sofreram abuso sexual mantêm o segredo por anos, por medo ou vergonha
de buscar ajuda, e denunciar o agressor. Com você foi diferente! A sua
denúncia evitou sim que esse criminoso praticasse mais crimes semelhantes, hoje ele se encontra a disposição da justiça. E tenho certeza que apesar do sofrimento que sente no momento, você irá
continuar de cabeça erguida, e que mais esta rasteira que você levou não vai
tirar a vontade que você tem de viver!
Cheilla Gobi
Jornalista
Nenhum comentário:
Postar um comentário