quinta-feira, 10 de março de 2016

Vice-prefeita de Salvador fala sobre papel da mulher na sociedade atual

Nessa quarta-feira (09/03), tive o prazer de conhecer e entrevistar Célia Sacramento, a primeira vice-prefeita negra, da primeira capital do Brasil, Salvador. Conversamos sobre o papel social desempenhado pelas mulheres na sociedade brasileira, mais especificamente sob a ótica da política, em uma sociedade construída sob a égide do machismo.


Confiram a matéria!

Foto: Cheilla Gobi

Em entrevista coletiva, a vice-prefeita de Salvador, Célia Sacramento falou sobre o papel social desempenhado pelas mulheres na sociedade brasileira (mais especificamente sob a ótica da política), em uma sociedade, segundo ela, construída sob a égide do machismo, na qual o homem sempre ocupou o espaço público. O racismo também foi citado como outro problema enfrentado no país. 

“Além do problema do machismo o Brasil enfrenta ainda o racismo. Eu sou a primeira vice-prefeita negra, da primeira capital do Brasil, a cidade mais negra fora da África e sei muito bem o que significa tudo isso, mesmo assim, diante de tantas dificuldades, a mulher tem avançado, embora a passos curtos”, disse Célia.

Apesar do aumento no número de cargos políticos ocupados por mulheres, ainda é pequena a participação. De acordo com um ranking que avalia a penetração política por gêneros em pelo menos 146 países, diz que a representação feminina no poder não acompanha emancipação observada em outras áreas da sociedade. De acordo com a vice-prefeita isso se dá a estrutura do próprio sistema, que não dá oportunidades para que haja igualdade na concorrência.

Defendendo o aumento do papel feminino na política, Célia declarou que a representatividade feminina deve-se à falta de incentivo para que as mulheres iniciem uma vida política. Ela defende que a representação feminina seja a mesma que o número de homens.

Segundo a entrevistada, obviamente, a eleição da primeira presidente do Brasil contribuiu de alguma maneira para mudar esse quadro de atrofia da participação feminina e talvez motivar outras candidaturas de mulheres. Célia considera a participação da mulher no poder como um dos principais avanços na luta feminina.

“Temos pela primeira vez na história do Brasil, uma mulher na presidência da República, no entanto, acompanhamos um caos político, social, ético, e econômico que o país está passando. Em um primeiro momento poderíamos pensar que o futuro político das mulheres não é nada agradável. Uma série de fatores deprecia a gestão, portanto colocam em ‘xeque’ somente a mulher enquanto gestora. A primeira experiência de políticas de cotas para aumentar a presença da mulher brasileira na política é um fator positivo. Contudo, acredito que as mulheres devem continuar lutando pela democracia, através da participação e apesar do caos na política brasileira, as perspectivas para as mulheres no poder são positivas”, garante.

Célia Sacramento falou como consegue administrar a carreira que progride com as outras atividades de uma mulher moderna, já que além do cargo na política ela exerce outras atividades. “Tenho dois filhos, não abro mão de acompanhá-los na vida escolar. Faço atividades físicas, tenho horários para o laser, sou professora universitária nas esferas federal e estadual, sou contadora de carreira, e consigo conciliar bem a vida na política e ser mulher. Conto com o apoio do pai dos meus filhos. É fundamental mudar a cultura da divisão sexual do trabalho dentro de casa. Além do trabalho doméstico também devem ter a responsabilidade pelos filhos”, disse Célia, destacando que as mulheres mais pobres são as mais penalizadas.

Espero que o material sirva para estimular as mulheres a participar ativamente da política no país. Mulheres com garra e coragem para lutar pelo desenvolvimento do nosso país. Precisamos ter políticas públicas e instrumentos para avaliar a efetivação delas, além de ações concretas do governo no enfrentamento das desigualdades sociais e do preconceito.

Foto: Neuraci Silva

Cheilla Gobi/Jornal Gazeta do Oeste

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